quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

A Metro Pole, em 20 passos














1. A vida fervilha nos túneis da cidade.
2. Entrecampos, entre pessoas (muitas).
3. A porta automática. 
4. Zip in Zip out, ao som do toque que lembra Psico (iii iii iii).
5. Tudo contente (os de dentro), foi ganha a primeira dificuldade.
6. Apneia em arrumação IKEA.
7. A Inércia é tramada quando nos faltam as mãos e os pés.
8. Campo Pequeno (ufa!).
9. Zip in Zip out, Zip in Zip out, Zip in Zip out (iii iii iii).
(até aqui tudo bem, é o normal)
10. Out. O comboio avariou (merda!)
(novidade: esgueirar-se da estação por entre uma mole mole de pessoas).
11. O metro seguiu vazio. Avaria?
12. Para que lado? Decisão importante.
13. Com licença, desculpe, perdão... avanço lento no sentido da saída.
14. Olha, chegou outro metro. À pinha.
15. Concentração na decisão tomada: EXIT.
16. Campo pequeno entre pessoas. É preciso avançar.
17. A inércia é diferente, fora do comboio.
18. Quase...quase .. ar livre! Que linda é Lisboa!
19. Guardar o Passe Social
20. Avançar a pé, na direcção de João Carlos Gregório Domingos Vicente Francisco de Saldanha de Oliveira Daun, que apesar de apontar com a sua mão direita para o horizonte, não gesticula direcções nem dança como o polícia sinaleiro. Trata-se do 1.º conde, marquês e duque de Saldanha. Outros tempos.

FC/17fevereiro2016
(publicado na revista A Morte do Artista n.º 4)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Nas mãos


















Nas mãos
(um plágio errante de Levantado do Chão, de Saramago)

Tão limpas como a fome
Mesmo quando sujas, limpas são
Desenhadas ao cabo da enxada, da foice e da gadanha
Oleadas que baste para não emperrar.
Mãos tristes

Não aprendem a escrever. Mas se o sabem
Apenas escrevem um nome e nenhum outro
A tortura não as quebra, nelas se guarda a esperança
Um papel. Uma decisão.
Mãos silenciosas

Trinta e três razões para abrir as mãos fechadas
Contrariar o destino. Nesse dia
Levantado e principal
Cada uma será uma grande flor.
Mãos reconciliadas


FC/Fevereiro2015